sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

POESIAS

SOBRE AS FLORES E O AMOR

Uma qualidade que as flores têm
Além da beleza é o seu perfume;
Assim desta forma os poetas vêem
Que também o amor as flores resumem,
Visto que em suma as flores contêm
Todas as cores que o amor assume.

(Nilton César Riguetti, Estilos, 2005)



NOSSOS PRANTOS

De pranto a pranto
É triste o canto
Que sai.
das lágrimas escorridas
Do resto de nossas vidas,
Pranto. Só pranto cai.

(Luiz Carlos Riguetti, Estilos, 2005)


NOITE DE MINHA AURORA 

Quisera que teu sorriso fosse pra mim
E teu abismo fosse meu fim...

Quem dera que eu fosse o teu disfarce
A lua cheia e o sol que nasce.

Pois passe o tempo e a resposta
Será um não de quem se gosta.

Ainda assim o amor que arde
Será tão cedo no fim da tarde

De um amor que ontem morre
E nasce quando a vida corre...

E serei teu e quase nascente,
Nascendo o amor eternamente...

Que da alma vem e se espalha,
Que sendo nada tudo valha.

Porque no quase que se deslumbra
Um sol que arde na penumbra

Será a noite de minha aurora
E a madrugada que foi embora.

Não mais a fome da minha cina
Mas a imagem que na retina

Guarda a cor dos lábios teus
Que têm o sabor dos beijos meus...

(Niklton César Riguetti, Poética, 1995)



CIDADE TRISTE
 
Ei-te quase deserta,
Cidade triste! 
Um rastro de vento frio
A escorrer pela face
Numa rua escura.

Quase te entendo
Ao ver-te solitária
Nesse tenger de silêncio
Que mais parece
reunião do nada.

Onde o povo está?
na telinha de imagem
Que te oculta
Nas paredes...
na ilusão do mundo
Que vê mas não entende...

Quem te vê não sabe
Que estás assim
Porque te ferem e matam
Sem dar-te nada
Que mereces.


Assim te escondes
na face obscura
Dos teus desejos
Que não se revelam
(Nem tarde nem cedo)
Porque morres!


Eu sei da noite... Eu sei!
Mas não posso dar-te
A luz das estrelas(...)
Que fizeram contigo, 
Se tu morres comigo,
Se tu morres comigo,
Ventania?

(Nilton César Riguetti, Poética, 1995)
 

QUANDO EU PUDER TE AMAR

Quando o sol nascer serenamente
E o frio da madrugada se fizer ameno,
Quando o orvalho se fizer sereno
E eu puder te amar tão docemente...

Quando a lua se fizer crescente
E o teu amor não for pequeno,
Quando me fizeres um aceno
E eu te encontrar tão de repente,
Vou esquecer de vez todos os versos
E vou me calar eternamente
Pois vou te amar tão completamente
Que meu amor será confesso
E toda paz que sempre peço
Será teu sorriso em minha mente.
 E a nossa noite tão inconsequente
Será o meu no teu desejo imerso,
Será o contrário, o certo e o inverso
Que invento a cada beijo ardente,
Será a luz, a paz e a semente
De tua sobra, nossa calma e meu excesso...

(Nilton César Riguetti, Ritmo de Poesia, 1996)


RESUMO

Ao perfume de teus cabelos
Na vontade eterna de querer-te
Me improviso em teu castelo

Que vale areia se eu perder-te
Mas é um templo e é belo
Onde me deito só pra ver-te.

A confessar-te as minhas faces
Me dispo à frente de teus lábios
Como se sempre me amasses.

Na sapiência dos mais sábios
O nosso amor em tal enlace
Me faz dizer-te quando inábil

Que tens a boca que eu beijara
E os seios fartos de teu amor,
Em tua boca veneno de caiçara

Que vem eivar o meu suor
Na ânsia louca que te ampara
E te resume em mel de flor...

Que és a fonte de meus fracassos,
A luz de tudo que não vejo
Na minha deusa que te faço,

Que vens a cultivar o desejo
Mas a tornar inerme meus braços
No poema fácil de teus beijos...

(Nilton César Riguetti, Ritmo de Poesia, 1996)