sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

NILTON CÉSAR RIGUETTI

P O E S I A S

TERRA   (21/01/09)

Motivos são tão pertinentes
Para defendermos nossa terra
Que plantamos nossas sementes
Pela causa de nossa guerra
E colhemos um fruto farto
Como a decifrar um parto
Com todo o amor que encerra
O nascer de nossa gente.

Não é preciso saber complexo
Pra gostar do que é verdadeiro.
Uma página com total nexo
Revela para o mundo inteiro
Que cada pedaço deste chão
Completa a alma do cidadão,
Um real saber de brasileiro
Que do talento se faz reflexo.

Toda a forma de meu poema
Vem resultar em verso e rima,
Em honra nobre e fino lema
A desaguar em obra-prima
Na vasta fonte que exulta
De glamour e arte culta
Toda palavra que confirma
A popular arte que reina. 

Conheço frágil o povo forte
Que vence o dia e saboreia
O prazo longo de sua sorte
Por cada passo que semeia
E colhe trilhas sem espinhos
E abre portas dos caminhos
Para pulsar em suas veias
O sangue que supera a morte!


POEMA  (20/01/09)

Menos me importa
O ouro que conquisto
Que teus olhos na porta
E a roupa que visto.

Mais me incomoda
A palavra incoerente
Que o amor que transborda
Na alcova da gente.

Muito me admira
Que eu fique insano,
Apesar das mentiras
Dos dias, dos anos.

Meio que me engana
Ao sabor da saudade
Uma vida cigana
Apesar da idade.

Pouco me conforta
A riqueza que vejo
Se a vida é torta
E me falta teu beijo.

Tudo que eu passo
Busacando uma causa
Merece um espaço
Um tempo, uma pausa.

Nada que eu penso
Repousa no acaso
É um caso propenso
A cuidar do atraso.

Se na falta de aceno
Ainda restar uma alma
Não serei tão pequeno
Pra roubar tua calma

Mas serei tão ameno
Que a névoa tão fria
Vai cair em sereno
E virar poesia.


NA MADRUGADA DE MINHA ARTE (20/01/09)

Na madrugada de minha arte 
Acordei com meus pinceis.
Modifiquei alguns detalhes,
Aprendi com meus entalhes
Depois que fiz meu estandarte.
Rabisquei em outra parte
Uma sequencia de aneis
Gerando cores tão fieis
A ponto de darem nós.
Duas vezes reguei as flores
Ainda tendo pelas arestas
Dezenas de outras cores
Alinhavando umas florestas,
Montanhas e pássaros após. 
Insistindo nesse contexto
Não desviei de tal imagem.
Homem farto de saudades
Atravessei muitas cidades
Atrás daquela imagem
Reconhecendo um pretexto:
Ter o sol como paisagem
E o nada como cabresto.


AUTO-RETRATO (21/01/09)

Minha vida não serve de exemplo
E nem quero estar na revista.
Não sou galã, não vou ao templo
Nem domino a arte de qualquer artista.

Nunca sei, ao certo, pedir desculpas
Nem razão eu dou a quem me contesta.
Sou humano que não assume a culpa
Nem quando o erro está na testa.

Sou falho com quem me admira
E não respeito que mais me ama.
Às vezes preciso de uma mentira
E faço uso de qualquer drama.

Minha verdade é a mais absoluta
Sei de tudo e não aceito ser corrigido.
Quero que lutem a minha luta
Mas de lutas alheias tenho fugido.

Sou um pó metido a intelectual
Que não age de forma correta.
Em resumo: sou um animal
Que na vida um humano interpreta.


PARAÍSO (27/01/09)

Beberei o teu mais puro desejo
Se me deixas seduzir tua metade.

Outra metade é o perigo que vejo
Quando teu corpo me toma mais tarde.

É completo nosso amor de paraíso
Que ousa amar cada pedaço.

Um simples toque provoca um sorriso
E outro amor é o tudo que faço.

Se na hora houver qualquer pausa
Do amor devagar que fazemos,

Os amantes saberão a causa
De um beijo e carinhos pequenos.

Um estado de amor tão intenso
Que os olhos se entendem também.

Não são poucas as coisas que penso
Quando os corpos se fazem tão bem.

E o amor, diluído em nuances,
Nos torna em paixões sem limites.

As cenas aumentam as chances
De aceitarmos um outro convite...

E, assim, nossa tarde se estica
Como a aprender amor que amamos

E, na dúvida, a certeza que fica
É que juntos, enfim, acordamos. 



GEISER ? (  /06/09) 

Seria uma efervescência,
Uma afluência,
Um geiser?

Seria uma saliência,
Uma ciência,
Um laser?

Seria um paraíso,
Um aviso,
Uma perfeição?

Seria um abuso,
Um intruso,
Uma aparição?

Seria uma receita,
Uma perfeita
Vontade?

Seria uma fruta,
Uma justa
Igualdade?

Seria o quê?
Um prazer,
Uma arte? 

Seria uma nascer,
Um viver,
Uma morte?
 
Seria um transe,
Uma transa,
Um êxtase?

Seria um lance,
Uma dança,
Uma frase?

Seria um fracasso,
Um sucesso,
Um flerte?

Seria um golaço,
Um progresso
Ter-te?

Seria exagero,
Um pleonasmo,
Linda?

Seria um tempero,
Um orgasmo
Ainda?

Seria um início,
Um vício,
Uma vitória?

Seria difícil,
Um precipício,
Uma história?

Seria um limite,
Um ápice 
Total?

Seria um convite,
Etecétera
E tal...? 


APESAR DE TUDO

O sol ainda arde
Ainda brilha a estrela
No universo que criei;

Também é linda a tarde
A noite ainda é bela
Desde quando te amei.

O peito ainda inflama
Quando o corpo se aproxima
E no olhar há o veneno...

Se deito em tua cama
O meu verso já não rima
O meu medo é pequeno...

Se te perco vida minha
Quase nada me perdoa
No instante do meu ser.

Todo o amor que eu tinha
Se te dei não foi à toa
Pois que eras meu viver.

Meu oceano ainda é onda
No vai e vem do meu desejo
E eu naufrago sem teu porto!

Minha terra não é redonda...
Minha órbita é teu beijo...
Sem teus braços estou morto!

O AMOR E A DOR

O ser sublimado constroi
A força do ser que o eleva,
Quem sonha constante não leva
O amor do passado que dói.

E o amor isolado destroi
Tanto a arte quanto a palavra
Quem planta na terra que lavra
Não sente a dor que corroi.

Para eu traduzir o que fui
Na hora que o sonho me priva
Vou doar o amor que eu viva
No instante que o amor me possui.

Assim é que o meu mundo vai
E de um instante a outro me prova
Que pra eu escrever minha trova
Não basta o amor que me atrai.

E a todo momento me cobra
Quando o meu coração se contrai
Ignorando que no meu verso sai
O amor que eu tenho de sobra.

E este mesmo amor que dei
Sem pensar na razão que me cubra
É a dor que talvez me descubra
No futuro que ainda não sei.

SÍNTESE DO AMOR SUBLIME

O assunto que não traduzo
E que não ouso presumir
É que me deixa mais confuso
Sem poder me redimir
E eu me traduzo.

É o que uso e que assumo
Com total benevolência,
No meu ego o supra-sumo
A minha quinta-essência
E meu resumo.

O meu ser vitorioso
Pelo qual eu me aprumo
É o Deus maravilhoso
Que conduz o meu resumo
E é generoso.

É o Deus que é a síntese
De tudo que é sublime,
Sem que me martirize.
É o ser que me redime
Da maior crise.

É o que me dá a voz
O sentido, o céu e tudo
A paz, a fé, a luz
Pois sou cego, surdo e mudo
Sou nada sem Jesus.

A maior verdade é isto:
O amor maior que tenho
É aquele que eu conquisto
Do amor que advenho
O amor de Cristo.