EXCLUSIVA
Eu faço versos de aurora
Como a relembrar o porvir,
Se minha alegria foi embora
É por que a deixei junto a ti.
Se esse amor que te adora
Não puder te abraçar, te sentir,
Irá te esquecer quando chora
Na hora que fores partir.
Pois que eu te quis exclusiva
E egoísta me dei por inteiro
Pra que fosses somente minha,
E então eu te fiz a rainha
E quero ser o teu parceiro
Se queres ainda que eu viva.
(Nilton César Riguetti. Ritmo de Poesia, 1996)
A FALTA DO QUE NÃO TIVE
A falta do que não tive
É o que doi com mais sentido,
A saudade do que não foi vivido
E do muito pouco que se vive.
Assim é que a vida tem sido:
A renúncia do bom que se cultive
Pois que a cada tristeza se revive
Todo o nada de nunca esquecido.
E viver de amor (quem me dera!)
Evitar-me-ia as dores tão rudes
Que ganhei a toda e cada espera,
Pois que a vida me deu por açude
Um sofrer sem saber o que era
Quis viver o amor e não pude!
(Nilton César Riguetti. Ritmo de Poesia, 1996)
REALMENTE ETERNO
Quero viver o momento atual como sublime
Quero correr pelos campos afora liberto
Quero sentir que o Amor está sempre perto
E hei de ver que longe também se redime;
Quero saber que só há ímpar sapiência
Na sem par Natureza, naturalmente divina.
Quero cantar o mistério que já se ilumina
E hei de dar minha paz na minha Ciência.
Então eu quero que Deus me transfira
Do mundo lógico para a loucura total
Em que eu possa viver sem mentira.
Porque seremos mundo no mundo irreal
E teremos vida na morte que gira
E hei de eternizar-me num eterno real.
(Nilton César Riguetti. Poética, 1995)