MINHA INÚTIL VIDA
(16/04/08)
Minha
vida foi um engano.
Sem
amigo, sem amor, sem verdade.
Uma completa incapacidade
De
dizer... de viver... um engano!
Minha
vida deixou pelos anos
Uma
história sem muitos amores,
Uma
floresta aberta sem flores
Uma
ferida sentida, sem planos.
Minha
vida sentiu umas dores
Nem
profundas, nem velhas, nem tantas.
As
palavras nem foram tão santas
E
as noites de poucos sabores...
Minha
vida passou sem senhores
Mas
com alguma injustiça e maldade.
Não
sei se chorei de saudade
Nem
sei se havia outras cores.
Minha
vida perdeu tantas lutas
Que
a guerra não mais adianta
E na
terra onde o sonho se planta
Já
não dá pra nascer muitas frutas...
Minha
vida já quase sem nada
Um
apelo de amor não escuta
Minha
vida não teve conduta
Que
trouxesse valor pela estrada.
Minha
vida viveu um estágio
De
estar tão mal partilhada
Que
acabou sem estar acabada
E soergueu
de uma forma tão frágil.
Minha
vida saiu de meu barco
E
fez de minha arte um plágio
De
minha esperança um naufrágio
E
do meu sofrimento um marco.
Minha
vida doeu sem remédio
Não
mais que eu pude aguentar,
Uma
lágrima que eu pude chorar,
Um
pequeno espaço de tédio...
Minha
vida de tanto sonhar
Despencou
do alto do prédio.
E
o sonho tão forte foi médio
Pra
poder outra vez despertar.
Minha
vida partiu sem despedida
E
deixou uma voz na garganta
Um
suspiro que insiste: “levanta!”
E
uma causa já quase perdida.
Minha
vida não mais adianta
Se
não tenho na causa o apego.
Meu
instante de maior sossego
Não
é mais o que me agiganta.
Minha
vida não teve aconchego
Que
fosse uma paz merecida
Foi
uma lenda também esquecida
Não
um mito romano nem grego.
Minha
vida não foi tão vivida
Como
a esperança foi tanta,
E
o encanto também não encanta
Como
isso também não é vida.